segunda-feira, 30 de abril de 2007

Atlas dos Recifes de Coral nas Unidades de Conservação Brasileiras

Os recifes de coral constituem-se em importantes ecossistemas, altamente diversificados, tanto no nível local quanto no regional e, principalmente no global. Por abrigarem uma extraordinária variedade de plantas e animais são considerados como o mais diverso habitat marinho do mundo, e por isso mesmo, possuem grande importância econômica, pois representam a fonte de alimento e renda para muitas comunidades. Uma de cada quatro espécies marinhas vive nos recifes, incluindo 65% dos peixes. Os recifes estão para o ambiente marinho da mesma forma que as florestas tropicais estão para os ambientes terrestres, ou seja, os maiores centros de biodiversidade do planeta.



Apesar de toda sua importância, os ambientes recifais em todo o mundo vêm sofrendo um rápido processo de degradação através das atividades humanas.Cerca de 27% dos recifes de coral mundiais estão definitivamente perdidos, conforme o Global Coral Reef Monitorinng Network (GCRMN), uma rede de governos, organizações não-governamentais (ONGs), institutos e indivíduos que monitoram a saúde dos recifes. Em razão da riqueza biológica dos recifes de coral essas perdas extensas inevitavelmente também afetam de modo grave muitas outras espécies.A degradação dos recifes de coral está intimamente ligada às atividades humanas e econômicas. Os oceanos em aquecimento, provavelmente o resultado da mudança climática, estressam os corais a ponto de expelirem as algas que os habitam (as zooxantelas), deixando-os “branqueados”. O branqueamento de 1998, um dos anos mais quentes da história, danificou imensas áreas de coral em todo o mundo, aumentando seriamente a quantidade de recifes danificados. Poluição de nutrientes e sedimentos, mineração de areia e rocha e o uso de explosivos e cianeto (ou outras substâncias tóxicas) na pesca, também estressam os recifes mundiais.Ao mesmo tempo, a perda de corais prejudica as perspectivas de uma vida melhor para as populações costeiras. Quase meio bilhão de pessoas vivem num raio de 100 quilômetros de um recife de coral, e muitos dependem deles para alimentação e emprego. Só no Brasil, 18 milhões de pessoas dependem direta ou indiretamente desses ambientes. Cerca de um quarto do pescado nos países em desenvolvimento, dentre eles o Brasil, vem de áreas de coral que proporcionam alimentos para aproximadamente um bilhão de pessoas, só na Ásia. Os recifes protegem as praias da erosão e ajudam a produzir as areias finas que as tornam atraentes para o turismo, uma fonte principal de receita de muitos países tropicais. Em geral, os bens e serviços gerados pelos recifes foram avaliados, e 1997, em US$375 bilhões anuais.Sem uma ação “gerencial urgente” para conter o dano, a GCRMN calcula que a parcela de recifes perdidos atingirá 40% até 2010. Alguns desses recifes têm uma chance “razoável” de recuperar a saúde – mas só se não forem logo estressados novamente, algo difícil de assegurar num mundo em aquecimento, porém, mesmo no cenário mais otimista, 11% dos recifes mundiais são hoje considerados como irremediavelmente perdidos (Wilkinson, 2000).






Fonte: http://www.mma.gov.br



quinta-feira, 19 de abril de 2007

Gymnodinium sanguineum

O jornal do Microbiology de Eukaryotic

Infecção do sanguineum de Gymnodinium pelo sp de Dinoflagellate Amoebophrya.: Efeito do ambiente nutriente na geração Tempo do Parasite, na reprodução, e no Infectivity

A. Departamento do Oceanography, universidade nacional de Kunsan, Kunsan 573-701, Coreia, centro de pesquisa ambiental Smithsonian do B., caixa 28 do P.O., Edgewater, Maryland 21037, EUA

A preliminar tenta cultivar o sp de Amoebophrya., um parasite do sanguineum de Gymnodinium da baía de Chesapeake, indicado que o sucesso pode ser influenciado pela qualidade de água. Para explorar essa possibilidade, nós determinamos o tempo de desenvolvimento, a saída reproductive, e o infectivity do progeny (isto é dinospores) para o sp de Amoebophrya. mantido no sanguineum do G. crescido em quatro meios de cultura diferentes. A duração da fase intracellular do crescimento do parasite não mostrou nenhuma diferença significativa entre tratamentos; entretanto, o tempo requerido para a conclusão de gerações múltiplas do parasite, com tempo decorrido ao meio da terceira geração que é mais curta em meios nutriente-replete. Os Parasites dos anfitriões crescidos no meio nutriente-replete produziram também três a quatro vezes mais dinospores do que aquelas que infecting anfitriões sob condições do baixo-nutriente, com valores médios de 380 e 130 dinospores/anfitrião, respectivamente. O biovolume relative to do anfitrião da produção de Dinospore diferiu também, com valores peak de 7.4 por o anfitrião 1.000 μm3 para o meio nutriente-replete e de 4.8 por o anfitrião 1.000 μm3 para meio nutriente-limitado. Além disso, os dinospores produzidos por parasites do “elevado-nutriente” tiveram uma taxa mais elevada do sucesso do que aqueles dados forma por parasites do “baixo-nutriente”. Os resultados sugerem esse sp de Amoebophrya. é adaptado bem às populações do sanguineum da façanha G. em ambientes nutriente-enriquecidos.

Keywords: Flores Algal, nível da infecção, parasitism, phytoplankton

Recebido: Novembro 10, 1999; Recebido: Junho 6, 2000; Aceitado: Junho 6, 2000

Fonte: www.bioone.org ( BIOONE Online Journals).

Novas manchas em Saubara.

Manchas vermelhas voltam a aparecer nas praias

Os técnicos do CRA que passaram 24 horas no mar fazendo o perfilamento das manchas vermelhas que voltaram aparecer no mar em Saubara, Monte Cristo e Barra do Paraguaçu encaminharam nesta terça-feira, dia 17, as amostras para os laborátórios do Senai/Cetind, BMA e Hydros para análises técnicas, que deverão estar concluídas daqui a uma semana.

No final da tarde da última sexta-feira, dia 13, o secretário de Meio Ambiente do município de Saubara, João Carlos Reis, comunicou ao Centro de Recursos Ambientais – CRA o retorno de novas manchas vermelhas / ferruginosas e de imediato, uma equipe de plantão de emergência do CRA foi deslocada até às praias com a finalidade de fazer um monitoramento técnico por 24 horas da disponibilidade de oxigênio nas manchas encontradas.

No sábado, dia 14, a diretora Geral do CRA, Beth Wagner, acompanhada de nova equipe técnica, realizou um sobrevôo na região confirmando o surgimento de algumas manchas, mas não foi verificado a mortandade de peixes.

Segundo a coordenadora de Fiscalização, Carla Fabíola, desde a tarde do último domingo, dia 15, está sendo feito o perfilamento do oxigênio na lâmina d’água que possibilitará verificar as suas concentrações de hora em hora, a cada metro, para se conhecer os fatores físico-químicos, tais como: pH, temperatura, e OD - oxigênio dissolvido - dentre outros.

Fonte: http://www.seia.ba.gov.br/noticias



Gymnodinium sanguineum

Fonte da imagem: http://www.seia.ba.gov.br/noticias

Mortandade de peixes foi provocada pela maré vermelha

Grandes concentrações de algas reduziram o oxigênio disponível na água, devido à decomposição da matéria orgânica

Um fenômeno natural conhecido como maré vermelha foi a causa da mortandade de peixes na Baía de Todos os Santos, verificada desde o início do mês de março. A constatação está no laudo técnico divulgado ontem pelo Centro de Recursos Ambientais (CRA), detalhando que a ocorrência é resultado das altas concentrações da espécie de microalgas Gymnodinium sanguineum no mar.

Em altas densidades, essas algas produzem grande quantidade de matéria orgânica, o que causou a obstrução das brânquias dos peixes, levando-os à morte por asfixia. A situação foi agravada ainda pela redução do oxigênio disponível na água, em função da decomposição da matéria orgânica gerada.

Uma equipe multidisciplinar trabalhou nos estudos e na elaboração do laudo técnico, com a participação de professores dos institutos de Química e de Biologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), da Escola de Medicina Veterinária da Ufba, da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), de Santa Catarina, e do Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia (Cefet).

O professor Eduardo Mendes da Silva, do Instituto de Biologia da Ufba, afirmou que a maré vermelha ocorre, principalmente, por conta das condições climáticas estáveis e do aumento de nutrientes na água. "A estabilidade climática verificada no mês de março colaborou para a reprodução intensa das algas. Foram praticamente 30 dias sem as costumeiras chuvas e os ventos fortes", disse.

"As algas chegam a um grau de concentração máximo de 3 milhões de células por litro", explicou o oceanógrafo e professor da Univali, Luís Proença. O laudo concluiu também que, no fenômeno ocorrido na Bahia, os danos decorrentes afetam apenas o ecossistema, diferentemente da maré vermelha verificada em Santa Catarina, em janeiro deste ano, quando as microalgas produziram toxinas que contaminaram ostras e mexilhões. Nesse caso, o consumo dos mariscos afetaria a saúde humana.

A principal região afetada pelo fenômeno foi a desembocadura do canal de São Roque do Paraguaçu, entre Salinas da Margarida e Santo Amaro, passando pelas localidades de Bom Jesus dos Pobres, Cabuçu, Saubara, Itapema , Acupe e outras áreas adjacentes. A maré vermelha também provoca alteração na coloração da água.

O trabalho de monitoramento das águas da baía continua. Na segunda-feira, está marcada uma reunião do Conselho Gestor da Área de Preservação Ambiental (APA) da Baía de Todos os Santos. Na ocasião, será discutida a elaboração de um plano de manejo e recuperação das águas, para evitar o lançamento de detritos e combater a poluição.

Depois da divulgação do laudo técnico, Juliano Matos afirmou que a assistência do Governo do Estado às populações prejudicadas pela mortandade de peixes está mantida. Até agora, mais de 10 mil cestas básicas já foram distribuídas às famílias das regiões afetadas.

CONCLUSÕES SOBRE A INVESTIGAÇÃO DO EPISÓDIO DA MORTANDADE DE PEIXES NA BAÍA DE TODOS OS SANTOS

Os estudos realizados pelas equipes do CRA, Ibama e DPT, em colaboração com professores da Furg, Ufba, Univali, Cefet, técnicos do Projeto Mama e outras instituições, concluíram que a causa da mortandade de peixes no noroeste da Baía de Todos os Santos (BTS) foi a floração de um dinoflagelado, Gymnodinium sanguineum. A presença deste organismo em altas densidades causa alteração na cor da água, que provoca o aparecimento de manchas de coloração avermelhada, típicas do fenômeno conhecido como maré vermelha.

As marés vermelhas ocorrem em diversas regiões costeiras e oceânicas do mundo e podem ser causadas quando as microalgas do plâncton encontram um ambiente favorável, como, por exemplo, riqueza em nutrientes e condições oceanográficas estáveis. As microalgas são organismos unicelulares e microscópicos – 20 vezes menores do que a cabeça de um alfinete –, que constituem a base da cadeia alimentar aquática. Algumas espécies podem produzir toxinas ou ser nocivas aos organismos aquáticos.

A mortandade dos peixes observada na BTS, a partir do dia 6 de março, propiciou, primariamente, as altas densidades da espécie Gymnodinium sanguineum (máximo de 3 milhões de células por litro). Nessas altas densidades, as microalgas produzem grande quantidade de matéria orgânica, que causa a obstrução das brânquias dos organismos aquáticos, levando-os a morrer por asfixia.

A situação foi agravada pela redução do oxigênio disponível na água, em função da decomposição da matéria orgânica gerada. Esse quadro tipifica uma ocorrência clássica de maré vermelha.

O evento se concentrou na região da desembocadura do canal de São Roque do Paraguaçu, entre Salinas da Margarida e Santo Amaro, incluindo as localidades de Bom Jesus dos Pobres, Cabuçu, Itapema e Acupe. Posteriormente, outras comunidades adjacentes foram afetadas. No momento, há sinais de que as manchas antes presentes na região retrocederam e foram dispersadas com redução significativa de suas densidades originais.

O organismo em questão não produz toxinas, não representando, dessa forma, riscos à saúde humana. Sem embargo, não há registros de intoxicação humana nas localidades atingidas que possam ser relacionados ao caso em questão. Os efeitos foram limitados aos peixes, suas larvas, alguns crustáceos e organismos do zooplâncton. Embora não seja possível determinar eventuais padrões de recorrência ou repetição do evento, cabe afirmar que os efeitos agudos que existiram não mais estão presentes.

Os efeitos nocivos causados por essa floração estão de acordo com relatos científicos encontrados para outros lugares do mundo. Embora algumas espécies de microalga possam produzir toxinas e essas afetem o ser humano, este não foi o caso para a BTS.

Caso recente de maré vermelha com produção de toxinas ocorreu em Santa Catarina, em janeiro de 2007, quando ostras e mexilhões foram afetados, levando as autoridades à suspensão da comercialização e consumo dos mariscos. Nesse caso, não houve mortandade de peixes.

Assim, a partir das análises realizadas, foi verificado que o evento ocorrido na BTS não causa problemas ao ser humano. Portanto, não há restrição à utilização das praias para o banho de mar.

Por fim, os estudos realizados não encontraram indícios de que o consumo do pescado represente riscos à saúde humana, apesar de o Ibama manter o decreto da suspensão da pesca na BTS por um período de dois meses, a contar de 29 de março."

Fonte: www.seagri.ba.gov.br

Maiores Informações acesse o site: www.sccoos.org/data/chlorophyll



terça-feira, 3 de abril de 2007

ESPAÇOS QUE DESENVOLVEM ATIVIDADES REALICIONADAS AO ENSINO DE CIÊNCIAS


UNIVERSIDADE DO PARÁ
ENDEREÇO: http://www.uepa.br
INFORMAÇÕES ADICIONAIS:
OFRETA DO CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM CIÊNCIAS NATURAIS
CRIAÇÃO:
Resolução CONSUN nº. 277 de 12/12/98
RECONHECIMENTO:
Resolução- MEC nº 433 de 23/10/03
ANO DE IMPLANTAÇÃO:
2001
TURNO:
Matutino/ Vespertino/ Noturno
DURAÇÃO:
Mínima: 4 anos/ Máxima: 7 anos
CARGA HORÁRIA:
Teórica: 2.750
PRÁTICA: 540
TOTAL DO CURSO:
3.560
Nº DE ALUNOS POR TURMA:
Teórica: 50/ Prática:

MUSEU DE CIÊNCIAS NATURAIS
ENDEREÇO ELETRÔNICO:
http://www.pucminas.br/museu
NFORMAÇÕES ADICIONAIS:
Criado em 1983, o Museu de Ciências Naturais PUC Minas reabriu suas exposições à comunidade em agosto de 2002, no novo prédio especialmente projetado para o desenvolvimento de suas atividades de pesquisa, educação e lazer cultural.
ENDEREÇO:
Avenida Dom José Gaspar, nº 290
Bairro Coração Eucarístico
CEP: 30535-160
Belo Horizonte
CONTATOS:
Telefone geral: (31)3319-4152
Fax: (31)3319-4983
E-mail: museu@pucminas.br
Setor de Educação: (31)3319-4520
E-mail: mcn.educação@pucminas.br

CEASB - Centro de Educação Ambiental São Bartolomeu
O Parque Metropolitano São Bartolomeu-Pirajá está diretamente ligado à
história e à cultura da Bahia.
ENDEREÇO:
Praça Inocêncio Galvão, Nº 42, Largo 2 de Julho.
Salvador - Bahia. CEP: 40.000-000.
CONTATO:
Tel. 321-9903; ceasb@hotmail.com

RESERVA ECOLÓGICA DE SAPIRANGA
INFORMAÇÕES ADICIONAIS:
Localizada em Praia do Forte, a Reserva Ecológica Sapiranga é formada
por 600 hectares de mata atlântica.
ENDEREÇO:
Saia de Praia do Forte e percorra 3 km até alcançar a Linha Verde
(BA 099), siga 2 km no sentido sul até a entrada à direita, para a via de acesso
ao Centro de Visitantes, e percorra mais 600 m até a guarita de entrada.
CONTATO:
Tel: (71) 3272-0020 / 3494-6249 / 9976-9450
Site: www.campingreservadasapiranga.cjb.net
E-mail: campingreservadasapiranga@yahoo.com.br

CONDER - PARQUE METROPOLITANO DE PITUAÇU
INFORMAÇÕES ADICIONAIS:
Parque de Pituaçu é um dos raros parques ecológicos
Brasileiros, situados em área urbana. São 450 hectares de área preservada, com
remanescentes de Mata Atlântica e uma grande variedade de árvores
frutíferas, como mangueira,cajueiros e goiabeiras, além de diversos
coqueiros, dendezeiros e palmeiras.
CONTATO:
www.conder.ba.gov.br/parque_pituacu

MUSEU NÁUTICO DA BAHIA
ENDEREÇO:
Praça Almirante Tamandaré, s/nº, Forte Santo Antônio da Barra/Farol da
Barra.
CONTATO:
Tel.: (71) 264-3296. Funcionamento: terça a domingo, das 9 às 21h

MUSEU DE ARTE MODERNA DA BAHIA
ENDEREÇO:
Av. Contorno - Solar do Unhão
CONTATO:
Tel.: (71) 329-0660 Fax: 329-0733
Funcionamento: terça a sexta, das 13 às 19 h.
Sábado e domingo, das 14 às 20h. Entrada franca.

MUSEU DE ARQUEOLOGIA E ETINOLOGIA DA UFBA

INFORMAÇÕES ADICIONAIS:
O Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal da Bahia, MAE, funciona em prédio onde foi instalado, no século XVII, o Real Colégio das Artes (Colégio dos Jesuítas).

ENDEREÇO:
Terreiro de Jesus
Centro Histórico de Salvador
Telefax: (071) 321-3971
CEP:40025.010
Diretor: CARLOS CAROSO


Pescadores penam com desastre ambiental



Thiago Fernandes

"Na semana passada, o rapaz do açougue reforçou o estoque de carne. Eu pensei que era uma boa idéia, já que o pessoal está evitando o peixe por causa da contaminação. Mas não vendeu nada, porque ninguém tem dinheiro nem para comprar comida aqui". A declaração do pescador Pedro Celestino Soares reflete o impacto da queda na venda do pescado no município de Saubara, a 110 km de Salvador.

A cidade é a mais afetada pelo desastre ambiental que resultou na morte de 50 toneladas de peixes nos últimos 15 dias na região da Baía de Todos os Santos. Dos 12 mil habitantes da cidade, cerca de 3 mil vive exclusivamente da pesca, que está suspensa desde o dia 17 de março. A situação levou o município a decretar estado de emergência na última sexta-feira, juntamente com Santo Amaro e Madre de Deus. O problema também foi registrado em Salinas das Margaridas.

De acordo com pescadores de Saubara, essa é a pior crise já enfrentada no município. Pescador há 50 anos, Everaldo Conceição, de 59, conta que nos últimos 15 dias a única renda que obteve foi de R$ 50 pelo serviço de limpeza de um terreno baldio na cidade. "Não sei mais o que fazer. A situação está muito difícil para todo mundo. Ninguém tem dinheiro para nada", lamenta. Em sua casa, além dele e da esposa, moram mais 11 filhos e quatro netos. Todos os que estão em idade de trabalhar são pescadores. "Está muito complicado. Eu aceito qualquer serviço para poder levar comida para casa", afirma. Para não passar fome, Conceição admite estar se alimentando de peixes que, segundo ele, não estariam contaminados. "Não dá para vender, mas nós sabemos quais são os que foram afetados pelo problema. Morrer de fome é que não dá, não é mesmo?", questiona.

Conceição é um dos que aguardavam nesta terça-feira receber a senha para receber uma das 2 mil cestas básicas encaminhadas para o município pelo Governo Federal. A distribuição deverá começar nesta quarta. A maior parte das pessoas na fila em frente à sede da colônia de pescadores do município, no entanto, eram esposas dos pescadores. É o caso da dona-de casa Genoveva Gonçalves, que estava há mais de uma hora na fila aguardando pela senha. "A gente não tem outra opção. Está todo mundo esperando essa cesta, porque tem gente que não tem mais comida para colocar no fogo", relata.

Na cidade, a maior parte dos peixes mortos apareceu na praia do distrito de Cabuçu, a 6 km da sede do município. Para Fábio Cruz, proprietário de uma barraca de praia, a situação agravou a queda do turismo no local. "Nós aqui dependemos dos visitantes para sobreviver. São eles que trazem o dinheiro que sustenta a vila", afirma. Em sua barraca, Cruz costumava vender em média 20 engradados de cerveja aos domingos. Neste último fim de semana, vendeu duas garrafas. "A maioria dos barraqueiros aqui não estão nem abrindo a barraca", conta.

Segundo os pescadores da região, o momento crítico da mortandade de peixes já passou. "Na semana passada, não dava nem para ver a areia da praia de tanto peixe morto que tinha aqui", conta o pescador Paulo Benedito dos Santos. "Agora, quem vai para o mar até que consegue alguma coisa, mas só pega para comer, porque ninguém quer comprar sem ter a certeza de que o peixe está bom", complementa. Segundo ele, alguns barcos chegavam a tirar do mar mais de uma tonelada de peixe antes do desastre. "Agora, o jeito é esperar pela ajuda do governo", diz.

Para o diretor da colônia de pesca da cidade, Michel Rodrigues, as cestas básicas são necessárias, mas a medida está longe de resolver o problema. "Ninguém aqui quer ficar dependendo da ajuda dos outros para sobreviver. Todos querem trabalhar, mas não têm condições no momento. E além da alimentação, há o problema dos outros compromissos, como as contas de água e luz ", diz. Para minimizar o caso, o Centro de Recursos Ambientais (CRA) negocia com a Coelba e a Embasa a anistia das contas de luz e água dos moradores dos locais afetados pelo problema, mas as empresas ainda não se posicionaram sobre a solicitação.

Análises

Nesta terça-feira, técnicos do setor de crimes contra o meio ambiente da Polícia Técnica estiveram na praia de Cabuçu para recolher amostras de peixes frescos para estudo anátomo-patológico. De acordo com a coordenadora do setor, Daniela Falcão, a nova análise vai procurar resíduos de microorganismos nos animais que indiquem a presença anormal de algas no mar, a chamada maré vermelha.

Daniela explica que esta deve ser a causa provável da morte dos peixes, ao se analisar a forma como os peixes morreram. "Essas algas liberam na água uma toxina que mata os peixes de uma forma aguda, ou seja, uma grande quantidade em um curto espaço de tempo", afirma. De acordo com a coordenadora, os casos de contaminação por produtos químicos normalmente provocam a morte contínua e menos intensa dos animais. "Nas primeiras análises da água, dos sedimentos e dos peixes não encontramos nada que indicasse a causa da morte em massa, mas também não descartamos nenhuma hipótese", diz.

Outras análises estão a cargo do Centro de Recursos Ambientais (CRA), que solicitou um prazo de 15 dias para apresentar os resultados das análises para busca de agentes de contaminação. O órgão informou, por meio de sua assessoria de imprensa que, depois do desastre, vistoriou todas as empresas localizadas no entorno da Baía, mas que não encontrou nenhum foco de contaminação.
27/03/2007 - 18:09



Fonte:www.atarde.com.br